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autor:
Ruy Braga
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prefácio:
Sean Purdy
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orelha:
Silvio Luiz De Almeida
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capa:
Maikon Nery
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apoio:
Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
- coleção:
- Mundo do trabalho
- selo:
- Boitempo
- páginas:
- 288
- formato:
- 23cm x 16cm x 2cm
- peso:
- 350 Gramas
- ano de publicação:
- 2023
- encadernação:
- brochura
- ISBN:
- 9786557172940
Como compreender o comportamento político dos trabalhadores racializados nos Estados Unidos? E dos trabalhadores brancos que vivem em pequenas cidades rurais? A eleição de Donald Trump, em 2016, pode ser interpretada apenas como resultado de uma classe trabalhadora branca ressentida e empobrecida? A angústia do precariado, nova obra do sociólogo Ruy Braga, é fruto de uma pesquisa de campo em pequenas cidades rurais nos Montes Apalaches, região que concentra historicamente a pobreza branca nos Estados Unidos. O estudo coloca à prova a hipótese da eleição de Trump partindo de uma problematização teórica inspirada nos marxismos negro e latino-americano.
Durante sua pesquisa, em vez de comunidades mobilizadas pelo ódio aos imigrantes e aos negros, o autor encontrou grupos de trabalhadores vivendo em constante agonia, em profunda crise sociorreprodutiva, o que os aproximou das condições de subsistência das comunidades negras. Essa confluência indesejada ajudou a criar as condições sociais necessárias para a eclosão de protestos de trabalhadores brancos... Em favor das vidas negras! O livro se dedica a interpretar essa anomalia sociológica por meio da análise do longo processo de reconstrução das identidades coletivas dos trabalhadores precários americanos, desde a crise do fordismo até o advento da pandemia do novo coronavírus.
A angústia do precariado é o último volume de uma trilogia consagrada à formação do precariado global, ou seja, aquele vasto contingente de trabalhadores em situação de insegurança e sub-remunerados. O primeiro trabalho da série foi publicado em 2012, com o título A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista, seguido por A rebeldia do precariado: trabalho e neoliberalismo no Sul global (2017). Sean Purdy, que assina o prefácio de A angústia do precariado, afirma que a conclusão da trilogia representa um recomeço para o autor: “Ruy Braga encarou o espinhoso desafio de interpretar o comportamento político do precariado racializado vivendo no ventre da fera capitalista, isto é, os Estados Unidos. Dois anos como pesquisador visitante na Universidade Estadual da Pensilvânia asseguraram a ele a oportunidade de diversificar seu arcabouço teórico e empírico, ampliando-o a fim de abarcar o capitalismo avançado”.
Trecho
“Em resumo, o senso comum liberal propôs interpretar o trumpismo por meio do ódio à igualdade social gerado pela perda dos privilégios da branquitude, da masculinidade e do nativismo. Trata-se de um diagnóstico concentrado na manipulação política daqueles que se veem acuados pelo progresso do reconhecimento dos grupos historicamente oprimidos.
Esse tipo de diagnóstico condensa dois contratempos frequentes nos estudos sobre a classe trabalhadora ’branca’. Por um lado, percebemos a substancialização da classe, isto é, a atribuição a priori de certas características comportamentais a um agregado de indivíduos. Por outro, verificamos a alienação da classe, ou seja, sua manipulação por interesses alheios. Amiúde, as opiniões dos trabalhadores brancos a respeito de sua própria dominação desaparecem dessas análises”.