• Francisco de Oliveira
    Francisco de Oliveira autor

    Francisco de Oliveira, um dos mais importantes sociólogos brasileiros, é professor titular aposentado de sociologia da Universidade de São Paulo, diretor do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da USP e autor de vasta obra. Leia abaixo, a homenagem feita a ele por Roberto Schwarz, por ocasião do concurso de 'Chico' para professor titular da USP: Além de muito bons, os ensaios de Chico de Oliveira sobre a atualidade política são sempre inesperados. Isso porque refletem posições adiantadas, de que no fundo não temos o hábito, embora as aprovemos da boca para fora. A começar pelo seu caráter contundente, e nem por isso sectário, o que a muitos soa como um despropósito. Faz parte da fórmula dos artigos de Chico a exposição de todos os pontos de vista em conflito, sem desconhecer nenhum. Mas então, se não é sectário, para que a contundência? A busca da fórmula ardida não dificulta a negociação que depois terá de vir? Já aos que apreciam a caracterização virulenta o resumo objetivo dos interesses contrários parece supérfluo e cheira a tibieza e compromisso. Mas o paradoxo expositivo no caso não denota motivos confusos. Na verdade ele expressa adequadamente as convicções de Chico a respeito da forma atual da luta de classes, a qual sem prejuízo da intensidade não comporta a aniquilação de um dos campos. Em várias ocasiões Chico acertou na análise quase sozinho, sustentando posições e argumentos contrários à voz corrente na esquerda. O valor desta espécie de independência intelectual merece ser sublinhado, ainda mais num meio gregário como o nosso. Aliás, o desgosto pela tradição brasileira de autoritarismo e baixaria está entre os fatores da clarividência de Chico. Assim, como não abria mão de levar em conta o que estava à vista de todos, o seu prognóstico sobre o governo Collor foi certeiro, antes ainda da formação do primeiro ministério[1]. Também a sua crítica ao plano Cruzado, publicada em plena temporada dos aplausos, foi confirmada pouco depois[2].Nos dois casos Chico insistia numa tese que lhe é cara, segundo a qual a burguesia brasileira se aferra à iniciativa unilateral e prefere a desordem ao constrangimento da negociação social organizada. Ainda neste sentido, quando tudo leva a culpar o atraso de Alagoas pelos descalabros de Collor, Chico explica o “mandato destrutivo”  que este recebeu da classe dominante “moderna”, aterrorizada com a hipótese de um metalúrgico na presidência. O marxismo aguça o senso de realidade de alguns, e embota o de outros. Chico evidentemente pertence com muito brilho ao primeiro grupo. Nunca a terminologia do período histórico anterior, nem da luta de classes, do capital ou do socialismo lhe serve para reduzir a certezas velhas as observações novas. Pelo contrário, a tônica de seu esforço está em conceber as redefinições impostas pelo processo em curso, que é preciso adivinhar e descrever. Assim, os meninos vendendo alho e flanela nos  semáforos não são a prova do atraso do país, mas de sua forma atroz de modernização. Algo análogo vale para as escleroses regionais, cuja explicação não está no imobilismo dos tradicionalistas, mas na incapacidade paulista para forjar uma hegemonia modernizadora aceitável em âmbito nacional. Chico é um mestre da dialética.  –  Roberto Schwarz,  Artigo-homenagem de 1992, escrito por ocasião do concurso de Francisco de Oliveira para professor titular da USP, e transcrito “sem prejuízo das ironias que o tempo acrescentou” como “adendo” ao “Prefácio com perguntas” de Roberto Schwarz em Crtítica à razão dualista / O ornitorrinco.  

triangulo
  • R$ 47,00

    Publicado primeiramente como um ensaio, em 1972, com o título 'A economia brasileira: crítica à razão dualista', este clássico da reflexão sobre o Brasil foi transformado em livro em 1973. Trinta anos depois, é reeditado pela Boitempo, batizado simplesmente de 'Crítica à razão dualista'. Somam-se a ele neste volume o ensaio 'O ornitorrinco', também de Francisco de Oliveira, e o 'Prefácio com perguntas', de Roberto Schwarz.Em Crítica à razão dualista, Chico de Oliveira propôs uma nova forma de pensar a economia brasileira, oposta à da intelectualidade da época que, ao mesmo tempo em que denunciava a miséria em que vivia (ainda vive) a maior parte da p ...

    Ano de publicação 2003.

  • A navegação venturosa ensaios sobre Celso Furtado
    R$ 47,00

    No dia 7 de abril de 1964, poucos dias depois do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, o sociólogo Francisco de Oliveira foi preso ao sair da casa do então presidente da Sudene, o economista Celso Furtado. Ficou preso durante três meses e, em seguida, decidiu trocar o Recife pelo Rio de Janeiro.A obra remonta à década de 1960 a amizade de Francisco de Oliveira - ou Chico, como é conhecido - e Celso Furtado. E é em homenagem ao mestre que ele reúne em A navegação venturosa: ensaios sobre Celso Furtado um conjunto de artigos em que procura ressaltar o melhor da contribuição intelectual de Furtado, o que inclui, necessariamente, discordâncias - na maior parte dos casos, po ...

    Ano de publicação 2003.

  • Autonomia frustrada o Cade e o poder econômico
    R$ 59,00

    Em Autonomia Frustrada – o Cade e o poder econômico, o pesquisador Carlos Augusto Bello faz uma ampla investigação e análise da trajetória e do papel do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão criado em 1994 para coordenar as ações antitruste no Brasil. Com um texto claro, mescla erudição e um profundo conhecimento da legislação e dos casos de fusões e aquisições de que trata no livro, abordados tanto nos seus aspectos sociais, quando políticos e econômicos. Se nos países centrais que são sede das multinacionais, como Europa e Estados Unidos, o controle do poder econômico é muito mais um discurso do qu ...

    Ano de publicação 2005.

  • São Paulo cidade global fundamentos financeiros de uma miragem
    R$ 59,00

    Na marginal do Rio Pinheiros pode se observar uma nova e reluzente fachada globalizada de São Paulo: arranha-céus, shoppings, hotéis, casas de espetáculo, empreendimentos multiuso, condomínios verticais de altíssimo padrão. Uma nova paisagem que deve pouco ao skyline de outras cidades na rota dos negócios internacionais.Em São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem, a urbanista Mariana Fix ajuda a compreender como surgiu esta 'nova São Paulo': as conexões entre capital imobiliário e financeiro; as parcerias público-privadas e as novas formas de exclusão social deste modelo.Aqui, como em outras grandes cidades do mundo, os novos circuitos do capital financ ...

    Ano de publicação 2007.

  • Margem Esquerda 10 Dossiês: 90 anos da Revolução Russa + Em defesa da universidade pública
    R$ 47,00

    O décimo número da revista Margem Esquerda é dedicado aos 40 anos da morte de Ernesto Che Guevara e aos 90 anos da Revolução Russa. A publicação traz um dossiê especial com textos de Moshe Lewin, um dos mais respeitados estudiosos da vitória bolchevique, que analisa a dinâmica de governo dos sovietes. Virginia Fontes debate a atualidade do pensamento de Lenin sobre o imperialismo, enquanto a transcedência da Revolução e a situação atual da Rússia são analisadas por Tony Wood. Além disso, as “Cartas de longe” de Lenin, escritas na Suíça entre março e abril de 1917, compõem a seção “Clássicos ...

    Ano de publicação 2007.

  • Grundrisse manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política
    R$ 119,00

    Muito mais que 'esboços' ou adiantamento da obra maior de Karl Marx, os três manuscritos econômicos de 1857-1858 que compõem os quase lendários Grundrisse constituem patrimônio das ciências humanas de inestimável valor. Parte de uma luta ideológico-política pela exclusividade do 'verdadeiro' Marx, a obra somente veio à luz já na primeira metade do século XX, em virtude dos conflitos centrados no controle que o Partido Comunista da ex-URSS exerceu sobre os escritos não divulgados do filósofo alemão. Considerados inicialmente espécie de amostra ou work in progress do que viria a ser a obra central de Marx, sabe-se hoje que examinar os Grundrisse é ...

    Ano de publicação 2011.

  • Saídas de emergência ganhar/perder a vida na periferia de São Paulo
    R$ 85,00

    A cidade murada e protegida por alarmes eletrônicos, a cidade globalizada, trancada em seus imóveis inteligentes, a arrogância da riqueza encarnada no biquíni à venda nos Jardins que custa o mesmo que uma moradia numa favela do subúrbio. Cada habitante sabe disso e vive com aquilo que está ao seu alcance.'Assim começa a apresentação de Saídas de emergência, livro organizado por Robert Cabanes, Isabel Georges, Cibele S. Rizek e Vera da Silva Telles, que tem como foco as relações entre os habitantes da maior cidade brasileira. Os textos de diversos autores que compõem a coletânea - resultado de longas pesquisas publicadas originalmente na França, em 2009, e agora e ...

    Ano de publicação 2011.

  • O nome da marca McDonald's, fetichismo e cultura descartável
    R$ 79,00

    Nunca na vida experimentei um Big Mac. Na minha filosófica inocência nominalista, sempre achei que um hambúrguer fosse apenas um hambúrguer. E que uma marca fosse apenas um nome, e vice-versa. Quanto ao McDonald's, mera cadeia de fast-food. Até começar a ler este O nome da marca, os surpreendentes capítulos de Isleide Fontenelle sobre essa avassaladora máquina de moer. Fiquei então sabendo como se fabrica uma marca e no que consiste seu valor estratégico no capitalismo de imagem. E que, assim sendo, o sistema McDonald's não atua no prosaico ramo da alimentação rápida, trata-se pelo contrário de um outro negócio, um inédito e bilionário gênero de show- ...

    Ano de publicação 2002.

  • O Capital [Livro 1] (Nova edição!) Crítica da economia política: o processo de produção do capital
    R$ 125,00

    O primeiro livro de O capital: crítica da economia política, intitulado “O processo de produção do capital”, é o único volume da principal obra de maturidade de Karl Marx publicado durante a vida do autor, morto em 1883. Esta terceira edição marca os 10 anos da publicação desta tradução no Brasil, feita diretamente do alemão. A edição se insere em um histórico esforço intelectual coletivo de trazer ao público brasileiro, em seu todo ou em versões reduzidas, a principal obra marxiana de crítica da economia política.                   & ...

    Ano de publicação 2023.

  • Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    Em Modernidade e discurso econômico, Leda Paulani, professora de economia da USP, dedica-se a um ofício cada dia mais raro na sua área de estudo: analisar as raízes filosóficas e ideológicas das ideias e dos discursos na economia. Em um mundo onde a política econômica é tratada como engrenagem mecânica 'sem opção', pairando como ciência pura e inquestionável, acima e mandando na política e seus partidos, Leda recupera o debate sobre os fundamentos teóricos da economia política, o contexto social e as ideias filosóficas que influenciam as correntes econômicas. Uma questão que se relaciona com os embates e discussões cotidianas sobre ...

    Ano de publicação 2005.

  • Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    Fruto de uma pesquisa coletiva por diversos setores da economia brasileira, do canto erudito aos bancários, da indústria automobilística à economia informal, este livro traça um panorama do momento atual e do futuro do trabalho e do sindicalismo no Brasil.Ricardo Antunes e um grupo de pesquisadores e autores, como István Mészáros, Luciano Vasapollo, Márcio Pochmann e Giovanni Alves, estudam os impactos das mudanças na legislação; da nova divisão internacional e regional do trabalho e do capital, como o impacto dos produtos chineses e a ida de unidades fabris para o interior do país; e das mudanças tecnológicas recentes, como a adoção dos métodos adm ...

    Ano de publicação 2006.

  • Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    Em um debate econômico onde as mentiras e os interesses neoliberais dominam a cena, o livro Arrecadação (de onde vem?) e gastos públicos (para onde vão?), organizado pelo economista João Sicsú, é uma obra fundamental para desmontar mentiras repetidas milhares de vezes, identificar os verdadeiros problemas econômicos do Brasil, oferecer uma visão crítica sobre a política econômica do governo Lula e propor alternativas.Os principais temas da economia nacional estão presentes no livro, em contraponto ao interrupto bater do tambor por reformas neoliberais que ocupa a grande imprensa e o pensamento conservador dos profissionais ligados ao sistema financeiro. O mito do déficit da Previ ...

    Ano de publicação 2007.

  • Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    Desmanche. Da representação, da política, do público, da sociedade, das instituições, da democracia e da participação justamente quando estas pareciam mais próximas do que nunca, com o fim da ditadura militar. O novo livro da coleção Estado de Sítio, A era da indeterminação, é um projeto do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic), que investiga a privatização das decisões, a redução da esfera pública e o estado de exceção como paradigma de governo. Inspirado nas ideias de Francisco de Oliveira, autor de dois artigos e co-organizador junto com Cibele Saliba Rizek, o livro avança sobre o campo de compre ...

    Ano de publicação 2007.

  • Noiva da revolução Elegia para uma re(li)gião
    Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    A cidade, com suas construções e acidentes geográficos, só existe quando percorrida pela memória; é a experiência humana que trafega por suas ruas e lhe confere sentido - particular e coletivo. Neste livro, quem nos convida a conhecer a cartografia do Recife são as reminiscências de um dos maiores intelectuais brasileiros: Francisco de Oliveira.Não se trata de um emaranhado de datas e documentos históricos. Testemunha de fatos políticos e sociais que marcaram o Brasil e o Nordeste, o sociólogo pernambucano desenvolve, em Noiva da revolução, um ensaio histórico-político-sentimental munido de suas lembranças, 'duas mãos e o sentimento do mundo', ...

    Ano de publicação 2008.

  • Hegemonia às avessas economia, política e cultura na era da servidão financeira
    Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    Decifra-me ou te devoro!', ameaçava os viajantes amedrontados a Esfinge, antes de recitar o mais famoso enigma da história. Na verdade, a hegemonia 'lulista' representa nossa incontornável esfinge barbuda', aponta Ruy Braga, um dos organizadores de Hegemonia às avessas: economia, política e cultura na era da servidão financeira, lançado agora pela Boitempo. Nascido a partir do artigo homônimo, de Francisco de Oliveira incluído nesta edição o livro resulta de seminário promovido pelo Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da Universidade de São Paulo (Cenedic), no qual buscou-se analisar os fundamentos econômicos, políticos e culturais 'dessa forma sui ge ...

    Ano de publicação 2010.

  • Livro Indisponível Avise-me quando chegar

    O país do futuro não se realizou. Eis o tema da antologia Brasil: uma biografia não autorizada, na qual o leitor encontrará uma síntese da produção intelectual mais recente de Francisco de Oliveira, que analisa o Brasil em suas particularidades e contradições. Entre outros escritos do autor, o livro inclui um longo ensaio histórico sobre a formação do país e o artigo em que se deu a gênese do conceito de 'hegemonia às avessas' para tratar do momento político iniciado na fase lulista. A obra reconstitui o itinerário de um sociólogo e economista que produziu uma obra indissociável da realidade social que viveu e se dispôs a desvendar e a ...

    Ano de publicação 2018.